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Sunday 31 October 2010

ACARAJÉ- Comprando a liberdade.



Nem todos sabem que o akará é um alimento sagrado, oferecido a Oyá, também chamada de Iansã - deusa africana que controla ventos, tempestades, relâmpagos e fogo. Uma lenda africana conta que Iansã, após se separar de Ogum e se unir a Xangô, foi enviada pelo segundo marido à terra dos baribas em busca de um preparado que, ingerido, lhe desse o poder de cuspir fogo. Com sua ousadia, a deusa provou do líquido e ganhou o poder. Relatos históricos revelam ainda que para homenagear os deuses, os africanos fazem cerimônias com o fogo, como o àkàrà, onde o iniciado engole mechas de algodão embebidas em azeite-de-dendê em combustão - ritual que lembra o preparo do tradicional acarajé.



Comprando a liberdade...


No Brasil colonial, o acarajé era vendido nas ruas em tabuleiros que as escravas equilibravam sobre suas cabeças, enquanto iam cantando para atrair a freguesia. Com as vendas da iguaria, muitas delas conseguiam comprar sua própria liberdade. O nome "acarajé" pode ser uma versão reduzida do pregão cantado por essas mulheres, no início do século XIX. O músico Dorival Caymmi reproduziu livremente, em sua música A preta, um deles: "O acará jé ecó olailai ô", que seria o chamado para que o freguês comprar o acarajé.
No início, o feijão fradinho era ralado na pedra, de 50cm de comprimento por 23 de largura, tendo cerca de 10cm de altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro, de modo a torná-la porosa ou crespa. Um rolo de forma cilíndrica, impelido para frente e para trás, sobre a pedra, na atitude de quem mói, triturava facilmente o milho, o feijão, o arroz, como explica o autor da primeira descrição etnográfica do acarajé, Manuel Querino em seu texto "A arte culinária na Bahia", de 1916. Só com o passar do tempo, surgiram moinhos elétricos para facilitar o trabalho.



Religiosidade...


Antes, as únicas pessoas autorizadas a vender o acarajé eram as filhas de Iansã e Xangô, mas por causa da popularização do quitute começaram a surgir baianas de todas as religiões. Hoje, além das mulheres, também é possível encontrar homens fazendo acarajé. O interessante, no entanto, é que todos preservam um respeito inabalável pelos rituais que cercam o ato de preparar os bolinhos.

A famosa vendedora Reginae em Salvador/BA, por exemplo, não pega nos materiais sem antes tomar um "banho de axé" (banho de folhas). Quando chega em seu ponto, em Itapuã, ela faz sete acarajés pequenos para limpar e deixar a rua livre e tranqüila.



Por Bruno Porciuncula - bruno.porciuncula@corp.ibahia.com



Em tempo é importante ressaltar que acará Oferecido ao orixá Iansã diante do seu Igba orixá é feito num tamanho de um prato de sobremesa na forma arredondada e ornado com nove ou sete camarões defumados, confirmando sua ligação com os odu odi e ossá no jogo do merindilogun, cercado de nove pequenos acarás, simbolizando "mensan orum" nove Planetas. (Orum-Aye, José Benistes).
O acará de xango tem uma forma Ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido e cercado com seis ou doze pequenos acarás de igual formato, confirmando sua ligação com os odu Obará e êjilaxeborá.


Ps-A imagem é arquivo da Revista do Rio Vermelho- http://www.acirv.org




Monday 4 October 2010

A figura do patriarcado no Candomblé.


O Babalorixa , é um sacerdote e chefe de uma Casa de Candomblé.
Na sua função sacerdotal, faz consultas aos Orixás através do jogo de búzios, uma vez que, no Brasil, não há o hábito de se consultar o Babalawo, chefe supremo do jogo de Ifá. Isso se deve à ausência da figura do mesmo na tradição afro-brasileira, desde a morte de Martiniano do Bonfim, segundo os mais antigos ocorrida por volta de 1943. Desde então, o professor Agenor Miranda era convocado para escolher a mãe-de-santo nos grandes terreiros baianos, mas agora, com os avanços tecnológicos e com a imigração voluntária de africanos para o Brasil, ouve-se falar de novos Babalawos na tradição brasileira, donde a necessidade de diferenciar Ifá de Merindelogun e jogo de búzios.
Na sua função administrativa, é o responsável maior por tudo o que acontece na casa - a quantidade de filhos-de-santo, a de pessoas e problemas a serem atendidos -, e nela ninguém faz nada sem a sua prévia autorização. Conta com a ajuda de muitas pessoas para a administração da mesma, cada uma com uma função específica na hierarquia, embora todos os auxiliares conheçam de tudo para atender a qualquer eventualidade.
Nas casas menores, o Babalorixá, além da função sacerdotal acumula diversas outras funções, devendo ser conhecedor das folhas sagradas, seus segredos e aplicações litúrgicas; em caso de rituais ligados aos Eguns, ou se especializa, ou consulta um Ojé quando necessário. Quando a casa ainda não tem um Axogun confirmado, ele mesmo faz os sacrifícios; quando a casa ainda não tem Alagbê, normalmente o Babalorixá convida Alagbês das casas co-irmãs para tocar o Candomblé; na ausência da Iyabassê ou Ekedi, ele mesmo faz as comidas dos Orixás, costura as roupas das Iaô, faz as compras e outras tarefas do dia-a-dia.
O candomblé pode ser considerado uma religião brasileira com origem em diversos sistema mítico-religiosos de origem africana. Nessa perspectiva corresponde simultâneamente a um sistema etnomédico ou medicina tradicional de matriz africana que vem sendo mantido (e recentemente reconstruído a partir das demandas pelo revival das medicinas tradicionais) a partir da sua origem nas diferentes culturas yorubá, bantu entre outras. A função do Babalorixá do nesse caso ganha destaque especial por sua relção com Obaluaiyê ou com a referida prática de colher as folhas sagradas atribuídas, segundo Bastide, ao Babalosaim dedicado ao culto de Osanyin.
No Ilé Babá Omi temos o Babalarixá Erick de Oxalá como a primeira pessoa do culto de candomblé,ocupando a cadeira de sacerdote de orixá.
Na foto, a imagem do zelador de orisá, Babalorixá Erick de Oxalá, sacerdote, historiador e comendador , no Ilé Babá Omi.