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Thursday 24 March 2011

Oxó Wussi!


Foto: Porta de aposento de orisá do Ilê Babá Omi.



A cada ano, apos a colheita, o rei de Ijexá saudava a abundância de alimentos com uma festa, oferecendo a população inhame, milho e côco. O rei comemorava com sua família e seus súditos; só as feiticeiras não eram convidadas.
Furiosas com a desconsideração, enviaram a festa um pássaro gigante que pousou no teto do palácio, encobrindo-o e impedindo que a cerimônia fosse realizada.


O rei mandou chamar os melhores caçadores da cidade. O primeiro conhecido como òsótògún tinha vinte flechas. Ele lançou todas elas, mas nenhuma acertou o grande pássaro. Então o rei aborreceu-se, e mandou-o embora.
Um segundo caçador conhecido como òsótogí se apresentou, este com quarenta flechas; o fato repetiu-se e o rei mandou prendê-lo. Osótododá, o caçador de 50 flechas, também não foi feliz.


Bem próximo dali vivia òsótokansósó, um jovem que costumava caçar à noite, antes do sol nascer. Ele usava apenas uma flecha vermelha. O rei mandou chamá-lo para dar fim ao pássaro. Sabendo da punição imposta aos outros caçadores, a mãe de òsótokansósó, temendo pela vida do filho, consultou um babalaô que aconselhou que se fosse feita uma oferenda para as feiticeiras, assim ele teria sucesso.

A oferenda consistia em sacrificar uma galinha e na hora da entrega dizer três vezes: que o peito do pássaro receba esta oferenda! Nesse exato momento, òsótokansósó deveria atirar sua única flecha. E assim o fez, acertando o pássaro bem no peito. O povo então gritava: oxó wussi, (oxó é popular) passando a ser conhecido por oxóssi. O rei, agradecido pelo feito, deu ao caçador metade de sua riqueza e a cidade de ketu, "terra dos panos vermelhos", onde osóssi governou até sua morte, tornando-se depois um Orixá.


-No Ilê Babá Omi, o nome do orixá Oxosse é importantemente exaltado pelo Babalorixá Erick de Oxaguiã, em especial pela casa ser de tradição Ketu.



Sunday 20 March 2011

Museu de Benin pode ser visitado virtualmente...vale a pena.



Today a town in the Republic of Benin situated on the Gulf of Guinea, Abomey was once the capital of the ancient kingdom of Danhomè (Dahomey). It is about 65 miles from the coast. The Royal Palaces in the heart of the city are major material evidence of this civilisation.

The Abomey Historical Museum was created by the French colonial administration in 1943. With a surface of about 5 acres, it is situated on the palatial site and comprises the palaces of King Guézo and King Glèlè. The entire palatial site extends over approximately 108 acres and has been on UNESCO's World Heritage list since 1985. It is a culmination of history, living culture and tourism.

Extensive conservation work and the enhancement of buildings and collections have been carried out since 1992. The Italian Cooperation programme has been the most generous donator, financing the PREMA-Abomey programme for a total amount of 450.000 USD through its funds in trust at UNESCO. Other donators also contributed to the work : ICCROM's PREMA programme, UNESCO, the World Heritage Centre, the Getty Conservation Institute and Sweden.


http://www.epa-prema.net/abomeyGB/index.html


O Pão de Pai Ogùn...


Foto: Orixá Ogum rodando o tradicional balaio de pães feitos com inhame,em festa ritual do Candomblé , conduzido pelo babalorixá Erick T 'Oxalá.

Na tradição brasileira, junho é mês de festa, quentão, quadrilha e de comemorar os dias de padroeiros queridos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Essas festas tão brasileiras têm uma origem remota. Antes do nascimento de Jesus Cristo, os povos pagãos do Hemisfério Norte celebravam o solstício de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que lá acontece em junho e marca o início da estação quente. Com o avanço do Cristianismo, a Igreja preservou e incorporou essas tradições também como forma de conseguir mais popularidade.


No Brasil, elas ganharam cores e sabores influenciados pelos índios e negros escravos, responsáveis pela mão-de-obra nas cozinhas, através de quitutes de milho, amendoim e mandioca, tapioca, paçoca, pé-de-moleque, entre outros. O mesmo ocorreu com relação ao sincretismo religioso entre o Catolicismo e o Candomblé, que associou o Santo guerreiro católico, ao Orixá guerreiro africano.


O inhame de Ogun, representa o pão de Santo Antonio, o “pão-nosso de cada dia.” Para os sertanejos, elas têm um significado muito importante, reforçando o sentido de união da comunidade. É com esse sentido que o pão/inhame, constitui um elemento inseparável de toda a devoção a Santo Antônio e a Ogun, independente de sua origem. Ele até se chama "Pão de Santo Antônio" ou "Pão de Ogun". Essa história remonta um fato curioso: Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido roubados. Atônito, foi contar ao santo (Antonio) o ocorrido. Este insistiu que o padeiro verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. Logo ele voltou estupefato e alegre dizendo que os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento!


Até hoje na devoção popular, o "pãozinho de Santo Antônio" é colocado, pelos fiéis nos sacos de farinha, latas de mantimento ou dentro dos armários onde se guarda comidas, com a fé de que, assim, nunca lhes faltará o que comer. O mesmo ocorre com os pães distribuídos nas festas do Orixá guerreiro. Ogunhê!!!

Thursday 3 March 2011

Tem Xangô que não come quiabo...




Existe uma qualidade de Xangô, chamada Baru, que não pode comer quiabo. Ele era muito brigão. Só vivia em atrito com os outros. Ele é que era o valente. Quem resolvia tudo era ele . Xangô Baru era muito destemido, mas, quando ele comia quiabo, que ele gostava muito, lhe dava muita sonolência. Dormia o tempo todo! E pôr isso perdeu muitas contendas, pois quando ele acordava, já tudo tinha acabado.


Então, resolveu consultar um oluô, que lhe disse:


- Se é assim, deixa de comer quiabo.


- Eu deixar de comer o que eu mais gosto? – respondeu Xangô Baru.


- Então, fique por sua conta. Não me incomode mais! Será que a gula vai vencê- lo? - perguntou o oluô. Xangô baru foi para casa e pensou :


- Eu não vou me deixar vencer pela boca. Vou voltar lá e perguntar a ele o que faço, pois o quiabo é meu prato predileto.


E saiu no caminho da casa do oluô, que já sabia que ele voltaria. Lá chegando, disse:


- Aqui estou. Me diz o que eu vou comer no lugar do quiabo.


- Aqui neste mocó tem o que você tem que comer. São estas folhas. Você temperando como quiabo, mata sua fome – lhe mostrou o oluô.


- Folha?! – perguntou Xangô Baru.


- Sim – respondeu o oluô – Tem duas qualidades, uma se chama oyó e a outra, sanã. São tão boas e gostosas quanto o quiabo.


Xangô Baru foi para casa e preparou o refogado, e fez um angu de farinha e comeu. Gostou tanto, e se sentiu tão bem e tão fortalecido, e não teve mais aquele sono profundo. Aliás, ele se sentiu bem mais jovem e com mais força. E não ficou com a sonolência que o quiabo lhe dava. Aí ele disse:


- A partir de hoje, eu não como mais quiabo.


Daí a sua quizila com o mesmo. "Todo caso é um caso. "Esse caso me foi contado pelas minhas mais velhas; assim, agora quem quiser dar quiabo a Baru, que dê!


Bibliografia.
Livro: Caroço de Dendê.

Autora: Mãe Beata de Yemonjá.

Editora: Pallas.

Editado em 1997

Foto: Sangò conduzido por Pai Erick de Osalá no Ilê Babá Omi, em ritual de Amalá.

Lenda de Esú por Verger.

Foto: Orixá Exú e Babá Erick T'Osalá em dança ritual no Ilê Babá Omi


... Esú instaura o conflito entre Iemanjá, Oiá e Oxum


Um dia, foram juntas ao mercado Oiá e Oxum, esposas de Xangô, e Iemanjá, esposa de Ogum. Exu entrou no mercado conduzindo uma cabra. Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia. Aproximou-se de Iemanjá, Oya e Oxum e disse que tinha um compromisso importante com Orunmila.


Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido. Iemanjá, Oiá e Oxum concordaram e Exu partiu.


A cabra foi vendida por vinte búzios. Iemanjá, Oiá e Oxum puseram os dez búzios de Exu a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Haviam três búzios para cada uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da mesma forma Oiá e Oxum tentaram e não conseguiram dividir os búzios por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.


Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei um búzio a mais”.


Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.


Oyá intercedeu, dizendo que , em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.


As três não conseguiam resolver a discussão. Então elas chamaram um homem do mercado para dividir os búzios eqüitativamente entre elas. Ele pegou os búzios e colocou em três montes iguais. E sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha. Mas Oiá e Oxum, que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram a dar a Iemanjá a maior parte.


Pediram a outra pessoa q eu dividisse eqüitativamente os búzios. Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual. Propôs que a parte maior fosse dado à mais nova. Iemanjá e Oiá.


Ainda um outro homem foi solicitado a fazer a divisão. Ele contou os búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de lado. Ele afirmou que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que não é nem a mais velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oiá. Mas Iemanjá e Oxum rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra a Oiá. Não havia meio de resolver a divisão.


Exu voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: “Onde está minha parte?”.


Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo. Exu deu três a Iemanjá, três a Oiá e tre a Oxum. O décimo búzio ele segurou. Colocou-o num buraco no chão e cobriu com terra. Exu disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguia no Orun.


Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos Orixás, aos antepassados. Assim também com o dinheiro. Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.


Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se dividi-la com os antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”


Iemanjá, Oiá e oxum reconheceram que Exu estava certo. E concordaram em aceitar três búzios cada.

Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oió passaram a ser mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho e com os presentes da fortuna.

Tuesday 1 March 2011

A figura da Ekede na casa de candomblé.



Ajoiê ou Ekede são nomes dados de acordo com a nação do candomblé, é um cargo feminino de grande valor, escolhida e confirmada pelo Orixá da casa de candomblé (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Terreiro do Gantois, de "Iyárobá" e nos terreiros de Angola do candomblé Bantu, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.


Dentre os cargos femininos na hierarquia do candomblé no Brasil, o mais conhecido é da Ekedi, como os ogans, elas não são possuídas por seu orixá de cabeça, ou seja não entram em transe, pois necessitam estar acordadas para atender as necessidades dos Orixás, Voduns ou Inkices para os quais foram devidamente preparadas para servir.


A ekedi na maioria das casas também é chamada de mãe, exerce a função de dama de honra do Orixá regente da casa. É dela a função de zelar, acompanhar, dançar, cuidar das roupas e apetrechos do Orixá da casa, além dos demais Orixás, dos filhos e até mesmo dos visitantes. É uma espécie de “camareira” que actua sempre ao lado do Orixá e que também cuida dos objectos pessoais do babalorixá ou iyalorixá. O cargo de ekedi é muito importante, pois será ela a condutora dos Orixás incorporados no Egbê (barracão ou sala de festividades) e dela é a responsabilidade de recolhê-los e “desvirá-los”, observando as condições físicas daqueles que “desviraram”. Para se tornar uma ekedi, ela primeiramente é apresentada e não suspensa como o Ogan, e logo depois será confirmada, com as obrigações de Roncó.


Traje ritual.


Existe muita diferença de uma casa para outra e mesmo de uma nação para outra, na forma de se vestir. Na Casa Branca do Engenho Velho a ajoiê não usa roupa de baiana e nem dança na roda do xirê, o traje tradicional da ajoiê é um vestido discreto, um fio-de-contas e um pano da costa dobrado sobre um ombro ou na cintura. Sempre tem uma toalha ou tecido à mão para secar o rosto do filho-de-santo que está em transe, no dia a dia usa uma roupa de ração como todas as participantes do candomblé.


Já em outras casas, vai depender do babalorixá ou iyalorixá deliberar o uso da roupa de baiana pelas ekedis. Em muitos candomblés de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo é muito comum encontrar ekedis vestidas de baiana e dançando na roda do xirê.



Na foto: Babalorisá Erick T'Osalá e sua Ekede Maria do Carmo de Yemonjá, iniciada no Ilê Babá Omi. Ocupa o posto de Yá Ojú Ilê.