Assista no YouTube: Eric de Oxalá-Oficial

Saturday 29 October 2016

O "chamado" para a iniciação no Candomble'. Por Pai Eric de Oxalá

Filmagem que aborda aspectos referentes ao ato da feitura de orixa' no candomble' sob a ótica sacerdotal de Pai Eric de Oxalá.

Vinheta de abertura da primeira fase da edição de videos Eric de Oxalá no YouTube.

Vinheta com trecho da cantiga"Sino da Igrejinha" em violão,homenageando Seu  Tranca-rua, Exú de fé de Pai Eric de Oxalá fazendo a abertura da primeira fase duma sequencia de gravações em video,feitas pelo babalorisà do Ile Babá Omi.

Pai Vivaldo de Logun-Edé.Tributo

Hoje, eu,Pai Eric de Oxalá publico um texto de Rudy Pereira,em honra ao nome do Agbá e baluarte da tradição do candomblé,Vivaldo de Logun-Edé,sacerdote que exaltou o nome do Orisá na Baixada Santista-SP.

Conhecido como o Babalorixá Vivaldo de Logun-Ede (Odé Ikutie – O Caçador que não teme a morte)
Nascido em 29 de Março de 1934 na cidade de Salvador, próximo ao Pelourinho, filho de Dna. Domingas Beata Carvalho e Ricardo Pires de Carvalho.
Seu nascimento também marcou o dia de falecimento de seu pai, com o resguardo de luto pelos próximos 10 anos de sua vida, com grande sacrifício para sua criação e de seu irmão primogênito Edvaldo. Entretanto, para Vivaldo seu pai não havia falecido porque sempre o via entrando em sua casa e indo para o seu quarto. Com isso, sua mãe começou a leva-lo aos Centros Espiritas.
Vivaldo era um garoto levado e vivia na rua, procurando ser sempre o centro das atenções e sem que a sua mãe soubesse, começou a frequentar as Casas de Candomblés o que o deixou fascinado com os toques dos atabaques, frequentando a Casa de Oxumare, a Casa Branca no Engenho Velho e posteriormente o Gantois, Opó Afonjá e o Terreiro de Bógun. Época essa em que o Candomblé era religião de negros e perseguidos pela polícia.
Vivaldo não imaginava estar vivendo o início da história das primeiras e tradicionais casas de Candomblé do Brasil.
Em sua história Vivaldo sempre esteve ligado ao mundo sobrenatural, o que era notório perceberem que os Orixás estavam cada vez mais próximos.
Aos 16 anos de idade, Salvador já se tornará uma cidade pequena indo sempre visitar a chegada de turistas em sua região. Um belo dia avistou um “negrão”, acreditando ser um norte-americano. Tal homem, aproximou-se de Vivaldo dizendo que finalmente havia encontrado um homem bonito naquela cidade. Vivaldo de prontidão respondeu “muito obrigado mas eu já sabia que era bonito porque tenho espelho em casa”. Rindo do abuso do menino, tal homem se apresentou. Era Waldemiro da Costa Pinto, que nesta época, década de 50, já morava no Rio de Janeiro.
Posteriormente Vivaldo deixou sua cidade e vou tentar sua vida no Rio de Janeiro. Através de um policial, no Rio de Janeiro, que o levou a casa do Pai Waldemiro, conhecido como o “ Baiano”. Com o passar dos anos, Vivaldo torna-se o braço direito de Waldemiro que fora iniciado em 1933 por Pai Cristovão de Ogunjá do Axé Oloroke – Nação Efon, na Bahia.
Acompanhando Pai Waldemiro na casa do Babalorixá Joãosinho da Golmeia, numa festa de Oxum, Vivaldo sentindo o chão se abrir acabou “bolando”, ficando recolhido lá por 45 dias, mas sendo iniciado pelo Pai Waldemiro. Em 24 de Dezembro de 1950, ocorreu sua saída de santo, transformando-se em Vivaldo de Logun-Ede (Ode Ikutie).
Ganhou sua maturidade no Axé convivendo 14 anos com Pai Waldemiro de Xangó. Neste período, já na década de 50 e 60, tanto Vivaldo quanto Waldemiro tornaram-se referência para o Povo de Santo.
Em meados de 1964, Pai Vivaldo partiu para viver em São Paulo com a fé em seu Orixá, morando inicialmente em Pensões e depois na Casa de sua cliente Sra. Elvira. Neste mesmo ano, Pai Vivaldo foi chamado para socorrer uma pessoa, Dona Ivanete, que após 21 dias passou a ser sua primeira filha-de-santo. Neste mesmo ano, abriu seu primeiro barracão na Rua Voluntários da Pátria, no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo, permanecendo lá pelos próximos 7 anos.
Em 1972, Pai Vivaldo começa suas constantes viagens à Baixada Santista, frequentando festas do Babalorixá Bobo, em Itapema – Guarujá, um dos percussores do culto aos Orixás na região.
Decidido a mudar-se para a Baixada Santista, pediu abrigo ao amigo Alexandre Rodrigues, que atendia próximo a Rodoviária de São Vicente, ficando lá até 1975, onde com fundos dos seus jogos de búzios adquiriu um terreno no Bairro Jardim Rádio Clube, Zona Noroeste de Santos, para fundar o Ile Axé Odé Omi Fon, local onde foram iniciados inúmeros filhos, espalhados por toda Baixada Santista e por todo Estado de São Paulo.
Não há registro de quantos filhos foram iniciados por ele (Pai Vivaldo não gostava do termo “ feito de santo” preferia a expressão “servir ao santo”). Sabe-se que dali, saíram mais de 500 servidores de Orixás.
Todo mês de maio, o Ile Axé Odé Omi Fon, prepara-se para a Grande Festa em louvor do Orixá Logun-Edé, contando com a presença dos maiores Babalorixás, Iyalorixás, Políticos e Artistas.
Pai Vivaldo foi o percursor da Festa de Iemanjá em Santos, no dia 02 de Fevereiro, dentro dos padrões realizados em Salvador/BA, trazendo milhares de fieis e simpatizantes para a Baixada Santista.
“Ao longo dos seus 55 anos como servidor do santo, Pai Vivaldo trazia em seu corpo a força e a magia do Candomblé”
Em 2004, durante a festa de seu Orixá, Pai Vivaldo profetizou sua morte, anunciando como sucessor seu filho Ely de Odé.
Aos 19 de Abril de 2005, Pai Vivaldo foi chamado ao Orum, deixando sua história presente até os dias de hoje, lembrada pelos seus inúmeros filhos, netos e bisnetos.
Em 2006, a escritora e jornalista Claudia Alexandre lança o seu livro “Na Fé de Vivaldo de LogunEdé – Um pouco do Candomblé na Baixada Santista

(Por Rudy Pereira)